sábado, 15 de dezembro de 2007

Arte e Instinto

Se a obra de arte proviesse da intenção de fazê-la, podia ser produto da vontade. Como não provém, só pode ser, essencialmente, produto do instinto; pois que instinto e vontade são as únicas duas qualidades que operam.
A obra de arte é, portanto, uma produção do instinto. O drama, sendo primariamente uma obra de arte, é-o também.
Fernando Pessoa, 1916?

sábado, 8 de dezembro de 2007

Pablo Picasso

A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade.

Aristóteles

Deixe cada homem praticar a arte que conhece.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

La Barca

Música: Roberto Cantoral
Letra: Roberto Cantoral

Dicen que la distancia es el olvido
Pero yo no concibo esa razón
Porque yo seguire siendo el cautivo
De los caprichos de tu corazón
Supiste esclarecer mis pensamientos
Me diste la verdad que yo soñe
Auyentaste de mi los sufrimientos
En la primera noche que te amé
Hoy mi playa se viste de amargura
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
Cuida que no naufrague en tu vivir
Cuando la luz del sol se este apagando
Y te sientas cansada de vagar
Piensa que yo porti estare esperando
Hasta que tu decidas regresar.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Reinvenção

Cecília Meireles

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, a vida
só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva, fico:
recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Metamorfose de Narciso por Salvador Dali

Esta é uma das minhas obras preferidas.
Uma "avalanche" de elementos a montar, desmontar e remontar a(as) cena (as)!
Pompa

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

ASPECTOS DE UMA ESTÉTICA DELEUZIANA

Ludmila Brandão
Tanto quanto a arte, algumas idéias, poderosas idéias, têm aquela rara capacidade de subtrair-nos do mundo ordinário, atravessar-nos feito avalanches sucessivas, verdadeiros terremotos, e lançar-nos num espaço sem fronteiras, sem molduras, delirante, desviante, pleno caos. Passada a onda, voltamos ao que supomos ter sido o local do "crime", que dificilmente reconhecemos, e vamos reunindo os fragmentos espalhados, metais retorcidos, vidros derretidos, cacos os mais diversos, num primeiro momento para tentar introduzir alguma "ordem" no caos e, a seguir, certamente, para saber o que aconteceu ali. Logo constatamos que jamais poderemos dizer o que exatamente aconteceu e mais, o que nesse momento nos parece mais desconfortável, constatamos que os pedaços, os cacos encontrados não se colam ou se encaixam. Longe de com eles restaurarmos o confortável território (espacial/mental/afetivo/social) anterior, com eles, talvez, dê para improvisar algumas gambiarras.
Este texto é a tentativa de produzir uma dessas gambiarras de idéias a propósito da arte, depois de ter sido atravessada, capturada, tomada de assalto pela onda deleuziana ou deleuzo-guattariana, para citar os dois autores (Gilles Deleuze e Félix Guattari) que inspiram esta reflexão.
Mas, qual seria o motivo de tanto abalo? Tanto barulho? Ora, o pensamento pode ter a potência das forças da natureza. A diferença está na maneira como ele se realiza. Por exemplo: quando experimentamos outros paradigmas ou, no limite, nos desfazemos de antigos paradigmas, não estamos, como de praxe se diz, "re-pensando" o mundo. Estamos, de fato, "inventando mundos". Esse mundo, com essas idéias, não é o antigo mundo agora "re-pensado", "re-significado", "re-apresentado", etc., etc. É outro mundo, mesmo o mais fragmentado deles, mundo dos cacos que não se encaixam. Não deixa de ser um. E isto não é qualquer coisa em nossas vidas individuais ou coletivas.
Enfim, isso tudo é para dizer que nada, ou quase nada, neste texto está assentado, sedimentado, consolidado, como seria de se esperar. Primeiro por limitações pessoais – não se trata da reflexão de um "especialista" na obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari – o conhecimento desse fabuloso universo conceitual é, pelo menos por ora, bastante assistemático, não-convencional e está em curso. Segundo porque, a própria obra, ora conjunta dos autores, ora em seus textos individuais, não se presta a ser sistematizada, organizada a partir de algo tomado como "fundamento" e que depois, em efeito cascata ou arborificado, se desenvolveria cumulativamente, conforme em geral nos conforta encontrar. Não há uma obra básica, fundamental aqui. É todo um pensamento que se espraia se lançando em campos os mais diversos. Tentar "enquadrar" a obra de Deleuze e Guattari é, além de inútil, cortar as asas do pássaro de vôo alto e transformá-lo na avezinha da gaiola que, por falta de vôo, perdeu o canto.
Do trabalho de ambos, individualmente ou em conjunto, se há algo que podemos destacar como particularmente importante é, com certeza, a arte. Aliás, a arte é, ao lado da filosofia e da ciência, tratada aqui como uma forma de pensamento. Um dos últimos livros de Gilles Deleuze e Félix Guattari, o belíssimo O que é a filosofia? não faz mais que esquadrinhar a natureza de cada uma dessas formas (filosofia, ciência e arte), concebendo sua atuação no mundo, particularmente sua abordagem do caos, seus constructos ou composições e, se existem e quando existem, as relações que estabelecem entre si.
Mas o que teria de tão especial esse pensamento para nos abalar, nos deslocar, ou para utilizar um conceito da dupla, nos desterritorializar (que nada mais é do que desfazer o nosso suposto chão, liquidificar nossas tão caras certezas)? Fazendo um atalho no percurso do livro O que é a filosofia?, que segue construindo cada uma das formas e chega à arte depois de ter passado pela filosofia e pela ciência, encontramos uma afirmação instigante, que sempre nos soa absurda, à primeira vista, certamente. Diz Deleuze:
A obra de arte não é um instrumento de comunicação.
Ora, isso parece ser, como de fato é, o inverso do que em geral dizemos ou ouvimos a propósito da arte. A arte, é o que sempre ouvimos dizer, comunica alguma coisa que vem do artista para a sociedade, ou dessa sociedade (pensando no artista como ser social) para sociedades outras e futuras. Via de regra somos solicitados como "consumidores", ou "fruidores" de obras de arte, a fazer a tradução da mensagem do artista. Essa tradução (ou interpretação, como preferem alguns) se constituiria de uma decodificação da tal mensagem impressa na obra, na sua linguagem específica (musical, pictórica, espacial, etc.), e de sua imediata transposição para a linguagem verbal.
É bom lembrar que os sistemas autoritários em geral, além de se apropriarem das obras de arte em benefício próprio, quando não as eliminam, radicalizam a importância de um "conteúdo", de "uma mensagem" com comprometimentos ideológicos explícitos, em detrimento de uma suposta "forma" qualquer. A camisa-de-força exige que a arte se comporte como instrumento de comunicação de palavras de ordem. Basta ver o que aconteceu na URSS sob Stalin e na Alemanha sob Hitler. Mas este fenômeno de encarceramento do fazer artístico a conteúdos específicos (ou formas de conteúdos) não é "privilégio" de sistemas reconhecidamente autoritários. O quanto de congelamento se produz em nome de marcas identitárias – nacionalistas, regionalistas, pessoais, etc. Uma arte que seja brasileira, alemã, africana, paulista, amazônica...
O curioso é que muitos artistas, convictos desse processo - da arte como veiculadora de mensagens - , tomam como dificuldade pessoal, muito particular, a incapacidade para produzir uma tradução (segundo os códigos verbais) de sua própria obra. Alguns dizem literalmente: - não sei dizer com palavras aquilo que está dito na tela com as linhas e cores. Nesse momento nasce o "crítico", ou o lugar de um tipo de crítico.
Mas voltemos a Deleuze: O que significa dizer que a obra de arte não é um instrumento de comunicação? E, antes disso, o que ele diz a propósito da comunicação? A comunicação, diz-nos Deleuze, pode ser compreendida como a transmissão e a propagação de uma informação. Mas, o que é uma informação? É um conjunto de palavras de ordem! Informar é fazer circular uma palavra de ordem, ou seja, quando nos informam alguma coisa, nos dizem o que julgam que devemos crer. As declarações da polícia são chamadas, a justo título, comunicados. Elas nos comunicam informações, nos dizem aquilo que julgam que somos capazes ou devemos ou temos a obrigação de crer. Ou nem mesmo crer, mas fazer como se acreditássemos. Não nos pedem para crer, mas para nos comportar como se crêssemos. Isso é informação, isso é comunicação. O que equivale a dizer que a informação é exatamente o sistema de controle.
Essa discussão, a do sistema de controle, é muito importante nos dias atuais. Michel Foucault fez com precisão assustadora a análise da chamada sociedade disciplinar cuja principal característica é o sistema de enclausuramento e a propagação das conhecidas "instituições totais" (prisões, escolas, hospícios, conventos, quartéis, etc.). Deleuze elege o termo sociedade de controle proposto pelo escritor beat norte-americano William Burroughs, como o que melhor define isso que vem suceder (e está em curso) a sociedade disciplinar detectada por Foucault, ou seja a nossa sociedade ocidental contemporânea. Aqui, os antigos sistemas de enclausuramento são dispensáveis. Em seu lugar se encontra o grande sistema de controle, de emissão sistemática de palavras de ordem: os meios de comunicação. As palavras de ordem nos chegam por todos os lados, em todos os momentos. Esse já é nosso presente e nosso futuro.
E a obra de arte? Que lugar ela ocupa aqui?
Com certeza, ela não é uma palavra de ordem. Aliás, a arte não tem nada a ver com comunicação. Ela não contém a mínima informação. O que existe, ao contrário, é uma profunda afinidade entre obra de arte e ato de resistência.
Há pelo menos duas maneiras de pensarmos isso que Deleuze chama de ato de resistência. A primeira é pensá-lo como contra-informação. Teríamos que convocar aqui a memória dos movimentos de resistência, sempre clandestinos, nos processos de guerra. A contra-informação como principal arma. Talvez pudéssemos considerar também as resistências pacíficas como aquela liderada por Gandhi, durante a dominação inglesa, organizando movimentos de desobediência civil que ignoravam palavras de ordem e diluíam informações. Ainda que pacíficos, esses movimentos nada tiveram de passivos.
A obra de arte é ato de resistência no sentido em que desobedece sempre, ignora palavras de ordem, não pretende transmitir nada e ainda dilui as informações que a envolvem. Por outro lado, é importante lembrar que nem todo ato de resistência é uma obra de arte, ainda que possamos divisar, em geral na criatividade, na coragem sem fronteira, no desvario, no tudo ou nada dos atos de resistência propriamente ditos, algo que parece ser da natureza da arte. A guerrilha e seus movimentos inusitados parece ser o melhor exemplo.
A outra maneira de pensarmos a relação entre arte e ato de resistência está nas palavras de André Malraux: a arte é a única coisa que resiste à morte. Inspirados em Malraux, Deleuze e Guattari começam assim o último capítulo de O que é a filosofia?
O jovem sorri na tela enquanto ela dura. O sangue lateja sob a pele deste rosto de mulher, e o vento agita um ramo, um grupo de homens se apressa em partir. Num romance ou num filme, o jovem deixa de sorrir, mas começará outra vez, se voltarmos a tal página ou a tal momento. (...) A moça guarda a pose que tinha há cinco mil anos, gesto que não depende mais daquela que o fez. O ar guarda a agitação, o sopro e a luz que tinha, tal dia do ano passado, e não depende mais de quem o respirava naquela manhã (p. 213).
A arte conserva, e é a única coisa no mundo que se conserva. Conserva e se conserva em si (...), embora, de fato, não dure mais que seu suporte e seus materiais... (p. 213).
Mas ainda assim, poderíamos dizer que a arte pode na duração finita, até mesmo efêmera de seus suportes materiais, inventar o tempo sem tempo de se conservar eternamente. Tudo o mais se desmancha no ar...
Nota
1. O artigo foi publicado originalmente em português no Portal Vitruvius, Texto Especial Arquitextos, n. 078, junho 2001, <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp078.asp>. Bibliografia
DELEUZE, Gilles. "O ato de criação". Trad. José Marcos Macedo. Em: Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 27 de junho de 1999.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Muñoz. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.
Ludmila Brandão é arquiteta e historiadora, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, professora do Programa de Pós-Graduação em História e do Departamento de Artes, ambos da UFMT Universidade Federal do Mato Grosso.
Fonte: Vitruvius (http://www.vitruvius.com/).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

O fascínio pela música de Andre Rieu






























De niño me fascinaba el mundo de la música. Mi padre era director de orquesta y recuerdo aquel inmenso grupo de músicos que creaba un sonido maravilloso, todos los arcos moviéndose a la vez... ¡lo encontraba realmente fantástico! Pero ya entonces me sorprendía el ambiente tenebroso que reinaba durante los conciertos. Todos tan serios, no se podía reír ni toser, mientras que para mí la música era algo que irradiaba tanta alegría...
Hemos querido huir de todo ese ambiente solemne que rodea la música clásica y que asusta y disuade al público de asistir a los conciertos. Nuestra orquesta la forman músicos jóvenes y entusiastas que salen todas las noches al escenario a dar conciertos conmigo y se entregan en cuerpo y alma. Y el público nota este entusiasmo. En los conciertos lo pasamos genial juntos, mi orquesta, yo mismo, y también el público: todos participamos, canturreamos, aplaudimos, saltamos... Todas las noches son una experiencia formidable y no puedo imaginarme nada más bonito para un músico.
Durante mis estudios de violín en el conservatorio me invitaron a tocar en una orquesta de salón. Allí toqué por primera vez un vals: "Gold und Silber" de Franz Léhàr. ¡Qué descubrimiento! Me sentí de inmediato conmovido por aquel compás que años más tarde se convertiría en el ritmo de mi vida: el compás de tres por cuatro, el vals. Además de valses actualmente toco con mi orquesta muchas otras melodías. Mi sueño es que toda la música clásica sea accesible para todos. Con este objetivo he mandado construir mi propio estudio de grabación, en el que estamos trabajando mucho para volver a grabar la música clásica.





Mar, luzes e entardecer

Abstratos

Delicado e delicadeza: simplicidade

Artesanato

Flores e cores

Flor de Lótus

Paisagens

Pintura

O artista e sua expressão

"Todos os meus escritos ficaram inacabados; sempre novos pensamentos se interpunham, associações de idéias extraordinárias e inexcluíveis, de término infinito”.

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência."

"O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos."

"A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as maneiras, de sintetizar tudo, de se esforçar por de tal modo expressar-se que dentro de uma antologia de arte sensacionista esteja tudo quanto de essencial produziram o Egipto, a Grécia, Roma, a Renascença e a nossa época. A arte, em vez de ter regras como as artes do passado, passa a ter só uma regra - ser a síntese de tudo. Que cada um de nós multiplique a sua personalidade por todas as outras personalidades."

"Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?"


"Que este processo de fazer arte cause estranheza, não admira; o que admira é que haja cousa alguma que não cause estranheza."


"Substitui-te sempre a ti-próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre imprevenido [?] por ti-próprio. Acontece-te perante ti-próprio. Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior."

"Um poema é a projecção de uma ideia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia: é tão-sòmente o meio de que a ideia se serve para se reduzir a palavras."

"Eu era um poeta impulsionado pela filosofia, não um filósofo dotado de faculdades poéticas."

"O artista como artista sente menos do que os outros homens porque produz ao mesmo tempo que sente, e nesse caso há uma dualidade de espírito incompatível com o estar entregue a um sentimento."
(Textos de Fernando Pessoa e seus heterônimos)

Délcia e seus amores...







"Fome de maravilha"

Ferreira Gullar diz que é “um contumaz inventor de teorias – algumas até foram levadas à sério como a Teoria do Não-Objeto; outras injustamente desconsideradas. Nem por isso desisto, tanto que uma de minhas teorias mais recentes é a de que uma das funções do artista é criar o maravilhoso (ou o surpreendente), pela simples razão de que não encontramos no mundo maravilhas em quantidade suficiente para satisfazer a fome de maravilha que habita as pessoas.(...)”.
(Folha de São Paulo, E 12, 30 de Janeiro de 2005)

sábado, 1 de dezembro de 2007

"A ARTE E A VIDA"

A arte baseia-se na vida, porém não como matéria mas como forma. Sendo a arte um produto direto do pensamento, é do pensamento que se serve como matéria; a forma vai buscá-la à vida. A obra de arte é um pensamento tornado vida: um desejo realizado de si-mesmo. Como realizado tem que usar a forma da vida, que é essencialmente a realização; como realizado em si-mesmo tem que tirar de si a matéria que realiza.
Fernando Pessoa
(extraído de Ricardo Reis - prosa)

Exposição em Porto Alegre











Exposição realizada em novembro de 2007
Atelier Edil'Artes
Obras O Anjo e O Mercado de Flores
Délcia e amigos